Ceratocone é uma doença degenerativa que acontece na córnea ( parte anterior e transparente do olho) na qual ela passa a ficar progressivamente mais fina e mais pontuda (em formato de cone), levando a uma embaçamento e distorção da imagem que normalmente não melhora só com o uso dos óculos

Os sintomas costumam ser visão embaçada e distorcida (com sombras, duplas) e costumam começar na adolescência. Durante o exame de rotina o oftalmologista desconfia do problema quando encontra astigmatismos irregulares, reflexo distorcido ao exame de retinoscopia e visão ruim mesmo ajustando o grau dos óculos. No entanto, para se ter certeza do diagnóstico, é preciso fazer os exames de topografia de córnea (ceratoscopia) e paquimetria.

O ceratocone pode ser uma doença hereditária mas também pode ser causado por maus hábitos oculares, como o hábito de esfregar muito os olhos (é muito mais frequente em pessoas com conjuntivite alérgica) ou dormir “amassando” os olhos.

O ceratocone não costuma causar cegueira definitiva. Existem muitos recursos ópticos e cirúrgicos antes de se precisar de fato partir para uma cirurgia de transplante de córnea. Nas fases iniciais da doença muitas vezes a visão com óculos é bastante satisfatória. Quando a visão com óculos já não estiver boa, normalmente partimos para a adaptação de lentes corneanas rígidas gás-permeáveis, que costumam proporcionar boa qualidade de visão em ceratocones moderados e até em avançados. O transplante de córnea costuma a ser indicado normalmente em casos severos, em que a lente já não se adapta aos olhos ou a córnea já tenha perdido a transparência.

Sim! A primeira recomendação que costumo fazer é orientar a jamais voltar coçar os olhos e fazer um tratamento sério da conjuntivite alérgica. Para saber se o ceratocone está evoluindo ou não, é fundamental fazer periodicamente os exames de ceratoscopia e paquimetria da córnea, bem como o exame de refração. Caso o ceratocone esteja evoluindo, existe uma cirurgia chamada Crosslinking em que é aplicado riboflavina (vitamina B12) na córnea associada à exposição de luz UV-a por alguns minutos com o intuito de fortalecer o colágeno da córnea, evitando-se assim a progressão.

Se a qualidade de visão não for satisfatória com o uso dos óculos e nenhum tipo de lente der certo, é possível avaliar se fazer o implante do anel intraestromal com o objetivo de tentar diminuir a curvatura da córnea e o astigmatismo.

Geralmente as conjuntivites alérgicas costumam acontecer em pessoas predispostas a outras doenças alérgicas como rinite, bronquite, dermatite. É importante procurar um alergologista (imunologista) caso seu quadro alérgico seja grave pois o tratamento sistêmico irá ajudar. Costumo orientar os pacientes a não deixarem os animais domésticos entrarem dentro da casa (cachorros, gatos) pois os pêlos são bastante alergênicos. É sempre bom evitar maquiagens e cremes ao redor dos olhos. Procurar manter a casa sempre limpa, de preferência sem tapetes, cortinas de pano, almofadas e bichos de pelúcia.